sábado, 13 de junho de 2015

Viagem à Terra Santa em 2014 - 12. Em 30 de Abril. Em Jericó. 12.3.

12.3. O Mosteiro da Tentação

A porta do Mosteiro franqueou-se e começou a nossa descoberta daquele espaço que, visto de longe, nos suscitou grande curiosidade.

 
Logo à entrada vimos um moinho de cereais, manual. De trigo? De milho? De centeio? Cultivados onde?

O moinho parece estar operacional.

Depois aparece uma pequena fonte com um lavatório trabalhado em pedra de mármore.
 
 
Sairá da montanha água suficiente para permitir a subsistência da comunidade que o Mosteiro pode abrigar? Como é que pode brotar água de uma montanha tão alta, árida e deserta?

Quando eu era pequeno, fazia-me espécie que, numa propriedade que o meu pai tinha num ponto alto, brotasse água de uma mina que ia enchendo uma presa, que dava para regar uma vasta propriedade. Um dia perguntei ao meu pai como é que a água ia da ribeira, que corria lá muito no fundo do vale, para ali. Pergunta inocente de uma criança pequena. E o meu pai explicou-me que natureza é como o nosso corpo. Seu fizesse um arranhão no cocuruto da cabeça saía de lá sangue. E, por vezes, do nariz sai sangue com fartura mesmo sem fazermos nada. Isto porque o nosso corpo tem veias. As montanhas também têm as suas veias.

Estando o Monte da Tentação a duzentos metros abaixo do nível do mar, talvez seja mais fácil a água do mar chegar ali filtrada para matar a sede de muita gente.

Logo a seguir à fonte houve outro pormenor que me chamou a atenção. A relação entre as fissuras da montanha e a segurança do próprio mosteiro.
 

Esta fotografia documenta bem aquilo a que me refiro. Até dá arrepios só de pensar o que acontecerá quando um bocadão de rocha se desprender da montanha e cair.
 
 
 
 
Estamos a chegar à parte mais importante do Mosteiro, a caverna em que Cristo esteve recolhido. É o momento em que nos invade o sentimento natural de chamada ao recolhimento.
 

No local há pinturas que parecem ser muito antigas e azulejos bizantinos.
 
 
 
 
 
 
Mas há outras pinturas mais modernas, ícones sagrados tanto ao gosto das igrejas ortodoxas que valorizam o local.

A Igreja Católica, a partir do Concílio Vaticano II, optou pela simplicidade e, de certo modo, prejudicou a arte religiosa, ao distanciar-se deste tipo de decoração.

 Algumas das obras expostas são de qualidade inquestionável e dá gosto olhar para elas.

Quando vimos o mosteiro de longe, notámos que há três cúpulas brancas.
 
 
Uma delas é a da torre sineira. As outras duas são cúpulas de uma igreja existente no local.
 
 
 
A cúpula principal é particularmente bonita, não só pelo seu traçado, mas também pela força pictórica das suas imagens.

Achei muito interessante uma escada em madeira que, aparentemente, permite o acesso de e para o topo do Monte. Lá de cima as vistas devem ser soberbas.


 

O Mosteiro da Tentação na sua versão atual data da época dos cruzados (século XII) se bem que tenha tido importantes melhoramentos, sobretudo a partir do fim do século XIX, altura em que foi adquirido pela Igreja Ortodoxa Grega.

Não muito longe de Jericó há um mosteiro semelhante em termos de localização e de história. É o Mosteiro de S. Jorge no desfiladeiro de Uade Qelt, que não chegámos a visitar. Visto nas fotografias até parece o Mosteiro da Tentação. Esse mosteiro também remonta ao tempo de Santa Helena e está ligado à história dos avós maternos de Jesus, pois foi construído no local em que S. Joaquim soube que sua mulher Ana, já de idade avançada, estava grávida de Maria, a mãe de Cristo. Em 614 os invasores persas massacraram os sete monges que lá viviam e saquearam e destruíram o mosteiro. Foi reconstruído e hoje os crânios dos sete monges encontram-se expostos numa vitrine e são venerados por muitos crentes.

A história destes dois mosteiros é, assim, semelhante em muitos aspetos.

A visita estava a chegar ao fim e os nossos guias começaram a encaminhar-nos para a porta de saída para regressarmos ao teleférico.

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