sábado, 28 de junho de 2014

Viagem à Terra Santa em 2014. 6. 25 de Abril. Em Tiberias 6.6.

6.6. O peixe de S. Pedro

Saímos de Cafarnaum já bem a horas de irmos almoçar. Curiosamente o local do almoço não era tão perto assim. Fizemos aí uns vinte e cinco quilómetros, cerca de meia hora de autocarro. O guia Sebastião já de manhã nos tinha perguntado qual seria a nossa preferência em relação aos dois pratos principais que seriam disponibilizados ao almoço: peixe de S. Pedro ou cordeiro guisado.

A quase totalidade das preferências foi para o peixe de S. Pedro, prato típico que é habitualmente oferecido aos turistas nos restaurantes à volta do Mar de Tiberíades.

O restaurante de destino não era já na margem deste mar, mas sim um pouco mais a sul, já no Rio Jordão. Chama-se Manna e fica no complexo de Yardenit local histórico, tido por muita gente como o local do batismo de Jesus Cristo. Este ponto de vista é contestado por alguns que acreditam que Jesus foi batizado muito mais abaixo, perto de Jericó. Pode ser que tenham razão mas o que vi em Yardenit deu-me a convicção de que Cristo foi batizado ali e não mais abaixo.



Mas hoje o objetivo não é falar de Yardenit como local do batismo, mas como ponto do nosso almoço no dia 25 de Abril de 2014.


Local do batismo visto do lado do Restaurante Manna


Voltaremos aqui amanhã dia 26 de Abril, então sim para falar do local do batismo de Jesus.

Logo à entrada do complexo de Yardenit há uma fonte com água correndo de várias bicas. Depois segue-se um muro com cerca de três metros de altura, coberto com inscrições em azulejo, em retângulos sucessivos ao alto, nas várias línguas do planeta, provavelmente referentes ao aspeto religioso do local. Depois, logo a seguir à entrada, à direita, está o restaurante Manna.

Há um bufet de saladas, sendo que o prato principal é levado à mesa, por senhores solícitos sem uniforme, que falam relativamente bem inglês. E aí vem o famoso peixe de S. Pedro, grelhado. Observando melhor este peixe é, afinal, aquilo a que nós chamamos peixe galo e a que os ingleses chamam John Dory.


Saboreando o Peixe de S.Pedro


Sendo este tipo de peixe próprio dos oceanos e da água salgada, fiquei intrigado devido ao facto de na Terra Santa lhe chamarem Peixe de S. Pedro. Ouvi contar que este facto tem a ver com aquele episódio bíblico em que Cristo é solicitado para pagar o imposto ao templo. E não tendo dinheiro pede a Pedro que vá pescar e que lhe traga um peixe. Ele foi e trouxe-lhe o primeiro peixe que apanhou, ou encontrou, e, para surpresa de todos, ao abrir-lhe a boca, tinha lá dentro uma moeda com o valor exato do imposto. E, por isso, passou a chamar-se peixe de S. Pedro. Esta história parece-me estranha porque o Mar da Galileia é, afinal, um vasto lago de água doce. Uma vez que o ambiente próprio do peixe galo é o oceano com alguma profundidade e com água salgada não compreendo como possa existir num lago de água doce.

Uma outra história que ouvi é que o chamam assim porque tem uma pequena mancha escura na zona lateral do corpo. Há quem creia que essa mancha ficou a partir do momento em que Pedro pegou no tal peixe da moeda, deixando nele, e em todos os da mesma espécie, para sempre gravada a impressão digital do seu dedo polegar direito.

Bem. Esta história faz-me lembrar uma outra idêntica que ouvi numa das viagens que fiz à China quando estava em Macau. Aconteceu que, numa certa ocasião, fiz parte de uma comitiva oficial à cidade de Xangai. O Mayor ofereceu-nos um banquete num dos mais conceituados restaurantes da cidade, situado no topo de um dos mais altos edifícios com vista panorâmica em 360 graus sobre a cidade. E sabendo que, na comitiva havia muitos portugueses, fez questão de nos obsequiar com um petisco raro, bem delicioso , que tem a ver com a história da presença dos portugueses nos mares da China. Serviu-nos um tipo de caranguejo que só há no mar daquela zona a que chamam o caranguejo de Xavier. Tem a zona lombar castanha, mas nela vemos bem distinta uma cruz branca, tendo os braços da cruz o comprimento e largura da zona dorsal do caranguejo. E o Mayor fez questão de ser ele a contar a história de que esse fenómeno se deve ao facto de um santo português ter passado por ali e ter abençoado esse tipo de caranguejo prevenindo que, a partir de então, todos os da mesma espécie nasceriam com aquele sinal da cruz. Na altura esta história pareceu-me deliciosa porque nos foi contada pelo Mayor de uma da maiores cidades do mundo, em homenagem à antiquíssima presença dos portugueses . Acredite-se ou não na história, a verdade é que caranguejos com uma visível cruz dorsal só há nos mares de Xangai, são conhecidos aí por caranguejos de Xavier e, quando servidos à mesa, são bem saborosos.

A cruz no dorso do caranguejo ou a impressão do polegar direito de S. Pedro na zona lateral do corpo do peixe galo deram origem a histórias parecidas. No primeiro caso temos o caranguejo Xavier e no segundo o peixe de S. Pedro. E, em ambos os casos, podem proporcionar bons petiscos.

O serviço do restaurante Manna foi simpático, estando preparado para atender grandes grupos.

Não tardou muito que os nossos guias nos chamassem para o autocarro, pois ainda tínhamos muito para ver durante a tarde.O primeiro destino era bem apelativo: Nazaré.

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