sábado, 19 de janeiro de 2013

Passagem de ano em Cabo Verde – 2. Os taxistas da cidade da Praia

No relato anterior, estávamos prestes a deslocar-nos para o porto da cidade da Praia para apanharmos o Kriola, o ferry que nos levaria à ilha do Fogo. Tínhamos de lá estar por volta das duas da tarde e, como é natural, apanhámos um táxi. O taxista era conversador e simpático. Isto fez-nos esquecer a experiência menos boa do contacto com os taxistas de Cabo Verde que tivemos logo que saímos do aeroporto.

Estávamos cansados da viagem e de, uma vez chegados, ter de passar por duas filas: uma para mostrar o passaporte a um agente que nos deu um impresso para preenchermos e depois irmos para a outra, a fila dos vistos.

Todo o serviço dos vistos foi feito manualmente por uma funcionária simpática, mas sem pressa nenhuma. Sonolenta a meio da madrugada, foi tratando dos registos no mapa de serviço e nos carimbos aplicados nos nossos passaportes. Mas no fim foi inteligente e preencheu apenas uma guia de receita para nós os dois. Ainda começou uma segunda guia, onde tinha de voltar a escrever nomes e números, mas decidiu retomar a primeira e alterar o valor de 25 para 50 euros. Com isto poupou-nos alguns minutos de espera.

Foi fácil a saída e juntámo-nos à fila dos táxis. Os taxistas iam recebendo os passageiros pela ordem da fila. E logo que chegou a nossa vez, o taxista mais próximo recolheu as nossas malas e mandou-nos entrar para o seu táxi. Prontos para arrancar, passaram alguns minutos de silêncio expectante. Os taxistas da frente não se mexiam. Começou um alvoroço. Rebentaram as buzinadelas e os gritos. O nosso taxista também saiu e foi-se juntar aos outros a praguejar. Os minutos passavam. Havia impropérios e ameaças proferidas em crioulo. Até que, por fim, vimos chegar dois polícias que se dirigiram à frente da fila dos táxis.

Então percebemos o que se estava a passar.

Os táxis que recolhem passageiros estão confinados a um corredor delimitado por grossos pinos de metal. O taxista que estava na frente da fila não apanhou ninguém, por atrapalhação ou aselhice dele ou dos passageiros, e decidiu posicionar-se em daqui não saio, daqui ninguém me tira. Não sei o que teria acontecido se não fosse a intervenção persuasiva, sem ultrapassar os bons modos, dos polícias. E, depois de uns minutos de expectativa e reflexão, o senhor taxista da frente lá avançou uns metros e encostou o seu carro para deixar passar os outros.

Na cidade da Praia há muitos táxis. São amarelinhos, estão todos identificados com a matrícula e o número da licença. Os taxistas têm a identificação à vista, apresentam-se bem, são simpáticos e comunicativos e têm os carros muito bem cuidados. Não há taxímetros. Mas há tabelas obrigatórias. Quem está a par da existência da tabelas e dos respectivos valores paga o que é devido e o taxista agradece. Se não sabe da tabela e lhe pergunta o preço, a resposta pode ser uma inflacionante surpresa.

O taxista que nos transportou para o porto preencheu todos os requisitos positivos que acima mencionei. Conduziu-nos bem. Comunicou. Foi simpático. Recebeu o valor da tabela e lá se foi. Taxista feliz.

1 comentário:

Billy disse...

Viva o programa taxista feliz! :)