terça-feira, 18 de novembro de 2014

Viagem à Terra Santa em 2014 - 9. Em 28 de Abril. Em Jerusalém - 9.1.

9.1. O local da Ascensão

A manhã de 28 de abril de 2014 começou com as rotinas próprias de um dia de turismo em grupo. O morning call, o pequeno-almoço, a reunião no autocarro. Tudo normal. Apenas reparei numa novidade. O vidro do autocarro que havia sido partido por uma pedrada de garotos quando vínhamos do Norte estava finalmente reparado.

Seguiu-se uma jornada de intensa atividade turística com passagem breve por alguns dos lugares santos de referência junto a Jerusalém, fora das muralhas.

Começámos por ser conduzidos para o cimo do Monte das Oliveiras. Já lá tínhamos estado para observar a Cidade Santa. E até descemos o Monte a pé. Mas agora o objetivo era visitar dois lugares santos qua aí se encontram, bem perto do miradouro com vista sobre a cidade e próximos um do outro: o lugar da Ascensão e a Igreja do Pai Nosso.

Curiosamente, ao procurar num guia turístico a Igreja da Ascensão, o índice não me respondeu por esse nome, mas sim por Mesquita da Ascensão. Fiquei interessado em saber a razão do nome mesquita.

Ao chegarmos ao local deparámos com um espaço amplo, cercado por um muro alto. No meio do espaço está uma pequena capela. É essa a capela da Ascensão.






O chão do espaço é de lajes de pedra e está limpo e bem conservado. Observando melhor, vemos junto ao muro circundante, em diversos pontos, várias bases de grossas colunas de pedra o que dá a entender que ali já existiu uma grande igreja.



Por detrás do muro, no lado esquerdo de quem entra no espaço, aparece o minarete alto de uma mesquita.



Na verdade o espaço onde está a capela da Ascensão faz parte da mesquita e está sob administração muçulmana, que, em certas datas e sob determinadas condições, autoriza a realização de atos de culto a outras religiões, nomeadamente à católica romana.

Dentro da capela há um pequeno retângulo no chão delimitado por uma moldura de pedra, onde é visível uma pegada humana gravada na rocha que os crentes aceitam como sendo de Jesus Cristo e junto da qual usam deixar velas acesas, papelinhos com votos ou donativos em dinheiro.




A história do local como memorial da Ascensão remonta aos primeiros tempos do cristianismo. E, cerca de 390, foi ali construída uma imponente basílica financiada por uma rica mulher romana. Esta basílica foi destruída em 614 pelos persas sassânidas. Foi mais tarde reconstruída e pouco tempo depois novamente destruída. Chegaram os cruzados que a reconstruíram novamente. Mas chegaram os muçulmanos de Saladino que a voltaram a destruir, deixando apenas a estrutura octogonal existente, com cerca de doze metros por doze.
 
O local e terrenos adjacentes foram adquiridos por emissários de Saladino em 1198 e, desde então, mantêm-se como propriedade muçulmana, fazendo parte do complexo da mesquita. O local abre para visitas do público durante um horário anunciado no local e nos guias turísticos. Por cima da porta de entrada estão indicados os números de telefone para marcação de visitas.

Dentro da capela pudemos ouvir o P. Artur a ler os textos bíblicos que descrevem a Ascensão de Cristo.

Conta Marcos que, após a ressurreição, Jesus se manifestou aos onze quando estavam à mesa. Disse-lhes então para irem por todo o mundo e pregarem o evangelho a toda a criatura.

Por seu lado, Lucas diz que Jesus conduziu os discípulos até Betânia, no Monte das Oliveiras, e, levantando as mãos, os abençoou. Enquanto os abençoava ia-se afastando deles e foi elevado ao céu. E eles, tendo-o adorado, voltaram para Jerusalém com grande alegria.

Também os Atos dos Apóstolos descrevem o mesmo fenómeno. Após se referirem à instrução dos discípulos concluem: tendo dito estas coisas, foi Jesus elevado à vista deles e uma nuvem o recebeu e ocultou aos seus olhos. Apareceram então dois homens vestidos de branco a dizer-lhes que aquele Jesus que, de entre eles, foi elevado ao céu virá um dia do mesmo modo que o tinham visto partir.

O ponto alto da nossa visita ao local foi quando o nosso grupo, em coro, cantou o ide por todo o mundo e anunciai a boa nova. Foi emocionante ver o entusiamo de alguns dos nossos companheiros que, como já tinham feito noutros lugares, enchiam bem os pulmões para cantarem. Até parecia que queriam que as suas vozes ficassem gravadas nas pedras à volta e aí ecoassem para sempre.

O local é também venerado pelos muçulmanos. Para eles, Jesus Cristo é um profeta e acreditam também que foi ali que ele ascendeu aos céus.

Após a visita, saímos do espaço muralhado e descemos a avenida a pé até à igreja do Pai Nosso.

Sem comentários: