sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Viagem à Terra Santa em 2014 - 7. Em 26 de Abril. Para Jerusalém. 7.3.

7.3. Naim, The widow's son.
 
Enquanto descíamos a encosta do Monte Tabor, o guia Sebastião desfez-se em justificações para o facto de termos falhado esse ponto tão importante da nossa peregrinação. A seguir aproveitou para nos dar a ideia de como é gerida a convivência entre israelitas e palestinianos, sublinhando o facto de os territórios administrados pela Autoridade Palestiniana serem como que bolsas dentro do Estado de Israel. 

Essas bolsas são de três níveis de segurança, A, B e C, podendo os israelitas circular livremente em algumas delas e estando absolutamente proibidos de circular noutras. Por seu lado, todos os dias milhares de palestinianos passam as barreiras de controlo para irem trabalhar em Israel e, ao fim do dia, regressam a suas casas.
 
 
O nosso próximo objetivo seria Naim, que fica numa das zonas árabes, com acesso permitido aos israelitas. Por isso, ele iria connosco. Depois seguiríamos para Nablus e Ramallah, ficando ele para trás, para nos ir reencontrar ao cair da noite, quando chegássemos a Jerusalém. Em Nablus e Ramallah teríamos um guia local.

A mudança de zonas é notada não só pelas barreiras de controlo como também por uma alteração do aspeto das pessoas, sobretudo pela maneira de vestir, do estilo de vida, das estradas, dos meios de transporte, da apresentação e arrumação das lojas e pelo uso da língua árabe nas indicações de informação pública. Os próprios campos evidenciam essa alteração. Por vezes parece que, ao sair de uma zona israelita para uma zona árabe, retrocedemos no tempo, em muitos aspetos, uns quarenta anos.

A importância bíblica de Naim que justificou a nossa visita baseia-se na seguinte passagem do evangelho de Lucas:

«Num dos dias seguintes, dirigia-se Jesus para uma cidade chamada Naim e iam com ele os seus discípulos e uma grande multidão. Ao aproximar-se da porta da cidade, eis que levavam para fora um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva. E vinha com ela muita gente da cidade. Logo que o Senhor a viu, compadeceu-se dela, e disse-lhe: Não chores. Chegando-se, tocou o esquife e, parando os que o conduziam, disse: Moço, eu te mando, levanta-te. Aquele que havia estado morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe.» (Lucas 7:11-15).

Este episódio é importante em si e porque faz parte da trilogia em que Jesus ressuscita pessoas. Os outros casos foram a filha de Jairo e o irmão de uma sua amiga, chamado Lázaro.

Por isso eu tinha curiosidade em ver o que existe em Naim para recordar esse importante evento.

Naim fica a quatro quilómetros a sul do Monte Tabor. E como Lucas menciona a porta da cidade eu ia a pensar encontrar uma urbe cercada por muralhas com grandes portas aqui e ali. Mas não é assim. À medida que nos aproximamos sentimos que vamos entrar numa pequena povoação, como qualquer das aldeias numa encosta não muito inclinada do nosso país interior. E esta foi a primeira surpresa. Quando vi que Naim é atualmente uma relativamente pequena cidade com algumas pessoas, poucas, a espreitarem curiosas por entre janelas e pelos portões entreabertos foi-me difícil entender qual o volume da grande multidão, mencionada por Lucas, que seguia no cortejo fúnebre do filho da viúva.


A segunda surpresa foi ver que há de facto uma igreja a recordar o episódio bíblico, e que acabava de ser restaurada.

E pareceu-me ainda interessante que esta igreja tenha mesmo em frente a mesquita, não muito grande, da localidade. E disse-nos o P. Artur que, numa anterior visita, tinha sido o emir dessa mesquita que lhes abriu a porta da igreja, por ser ele que, na altura, guardava a chave. Aliás o Sebastião saiu para ver se a conseguia obter pelo mesmo método, mas não conseguiu.

Agora e desde o início da restauração da igreja, a chave é guardada por outra pessoa que não foi possível encontrar. Assim não pudemos ver este templo por dentro.

 
 
Enquanto esperávamos pela chave, tirávamos fotografias e observávamos o ambiente local. Alguns companheiros foram mais afoitos e conseguiram entrar no recinto à volta da igreja para a verem mais de perto.


Reparei que, nas escadas da mesquita, estavam quatro homens falando em inglês americano. Havia um que ia ditando e outro que escrevia num computador. Por vezes o diálogo estabelecia-se entre os quatro, quando um deles decidia dar achegas para o que o outro ditava.

 
Quando o guia Sebastião voltou dizendo que não tinha conseguido a chave, o bom P. Artur reuniu o grupo junto aos portões e leu a passagem bíblica acima transcrita a que juntou um comentário pessoal e deu informações sobre a história do local.


Depois retomámos a nossa viagem, sendo o próximo destino o Poço de Jacó, em Nablus.

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