domingo, 7 de setembro de 2014

Viagem à Terra Santa em 2014 - 8. Em 27 de Abril. Em Jerusalém. 8.3.

8.3. O Monte das Oliveiras

Depois de sairmos da gruta do Gethsemani fomos encaminhados para o autocarro, ou ónibus como diz o guia Sebastião. Da estrada, pudemos ver a frente da Igreja da Agonia, que fica perto do Gethsemani, à distância de uma pedrada bem lançada.
 
 
A ideia era subirmos de autocarro para o cimo do Monte e descê-lo a pé para, então, podermos visitar esta igreja.

Enquanto subíamos, o Sebastião aproveitou para dissertar sobre o que distingue um peregrino de um vulgar turista. A fé, evidentemente.

Chegámos ao cimo do Monte e o condutor deixou-nos junto ao miradouro na parte superior do Monte das Oliveiras onde havia muita gente numa azáfama de tirar fotografias. Algumas usavam binóculos para verem melhor um ou outro objetivo. Antes de descermos do autocarro o Sebastião aproveitou para nos dizer que daquele miradouro se obtinha a vista mais bonita da cidade de Jerusalém.

 
 
E tinha razão. O sol brilhava com intensidade sem ser excessivamente abrasador. A cidade parecia resplandecente debaixo de um céu com um azul intenso. A dourada cúpula da Mesquita da Rocha sobressaía de todo o conjunto, tanto mais que refletia o sol. O Sebastião foi identificando os principais monumentos.
 
 

O pátio das Mesquitas, a fortaleza antoniana, a Igreja do Santo Sepulcro, os bairros cristão, judeu e árabe. E as vistas não se limitaram ao que estava dentro das muralhas. Sobretudo lá para o lado sul, a localização da casa de Caifás, colina da porta de Sião, a igreja do Cenáculo.
 
 
Depois o Sebastião dissertou sobre a imensa necrópole que cobre quase toda a encosta do Monte das Oliveiras desde tempos imemoriais. Vêem-se por ali abaixo talvez centenas de milhares de túmulos. E curiosamente não se veem flores em cima deles, mas sim pedras. Os judeus não gostam de usar flores para homenagear os mortos. Entendem que as flores murcham rapidamente e as pedras não. O que interessa é o sentimento e por isso dizem 'dou-te nesta pedra o meu coração' e isso fica para sempre.
 

Em dado momento o Sebastião pediu para nos juntarmos à volta dele no miradouro. E então começou a retirar de um saco copinhos de madeira de oliveira que começou a distribuir. E ia dizendo que o local justificava um brinde pelo que oferecia os copinhos e o licor. Não tardou a tirar do saco uma garrafa. E foi enchendo os copinhos. No fim brindámos ao sucesso da nossa viagem e à amizade. O sabor do licor aproximava-se mais da nossa ginjinha do que do vinho do Porto. Era bastante doce, com um bom teor de álcool.
 

Depois do brinde deu-nos rédea livre para tirarmos todas as fotografias que quiséssemos.  Só quando nos viu serenar e com as máquinas de filmar e fotografar paradas é que voltou às suas explicações, dizendo, de entre outras coisas, que um espaço para uma sepultura naquela encosta custa mais do que um apartamento de luxo em Paris. Isto porque muita gente acredita que os mortos ali sepultados serão os primeiros a acordar no dia da ressurreição.
 
 
A seguir convidou-nos a descer o Monte a pé.
Era uma rua alcatroada com uma inclinação muito acentuada. Costuma-se dizer que para baixo todos os santos ajudam. Mas não é bem assim. Eles, às vezes, em vez  de ajudarem, empurram.
E ainda por cima havia no grupo algumas pessoas mais idosas para quem todos os  cuidados eram poucos. Uma havia que já tinha caído uma vez em terreno plano. Chegou a sangrar da cara.
 

Na descida pudemos observar pessoas judias vestidas de negro, algumas com os trajes do rigor ortodoxo. Em frente dos túmulos homenageavam os seus mortos segundo o seu estilo, numa oração silenciosa acompanhada de vénias sucessivas.
 
 Em certo ponto da estrada por onde descíamos havia um portão à direita para onde fomos encaminhados. Entrámos num amplo espaço cercado de muros altos com ruínas de construções antigas e com árvores diversas, principalmente cedros, oliveiras e laranjeiras.
 
 


 A Igreja Dominus Flevit, o que quer dizer o Senhor chorou, tem a forma de uma lágrima e pretende recordar o momento em que Jesus, avistando a cidade de Jerusalém deste ponto, sentiu uma tristeza enorme por prever que a mesma, que, naquele momento, parecia representativa, bela, grande e imponente, iria ser totalmente massacrada e destruída pelos romanos, mais tarde, no ano setenta da nossa era. Esta igreja é dos monumentos mais recentes da Terra Santa. O desenho é do arquiteto António Barluzzi e foi edificada entre 1953 e 1955. Está sobre a custódia franciscana. No momento da nossa visita não pudemos entrar nela por estar a decorrer uma celebração, sendo o sacerdote visível nesta fotografia.




Logo à entrada havia uma série de necrópoles familiares com restos de vários túmulos, alguns de crianças bem pequenas. Havia sinais evidentes de que arqueólogos experimentados tinham andado por ali. Que registos terão eles feito dos seus achados? Tinha curiosidade em saber. Há seguramente histórias surpreendentes por detrás dessas pedras.


 Andámos mais uns metros e estávamos junto a um horto de oliveiras milenárias, tendo ao lado a  Igreja da Agonia, um monumento erguido no local onde é preservada a rocha em que Cristo, prevendo os seus tormentos, sofreu ao ponto de suar gotas de sangue que caíram sobre essa rocha. Depois regressou à Gruta do Gethsemani, um pouco mais abaixo, que tínhamos visitado cerca de uma hora antes. Foi aí que Judas o foi encontrar para o entregar às autoridades de então. E a partir daí ele seria tratado como um temível e perigoso malfeitor.
Visitaremos a Igreja da Agonia no próximo apontamento.

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