segunda-feira, 14 de julho de 2014

Viagem à Terra Santa em 2014. - 6. 25 de Abril. Em Tiberias. 6.11.

6.11. As bodas de Canaã.

A distância de Nazaré a Kafar Kanaan é de apenas dez quilómetros o que equivale a vinte minutos de autocarro.

No século XVII o Vaticano reconheceu oficialmente ser esta a localidade do milagre contado por João, em que Jesus, numa boda de casamento, transformou água em vinho, após uma observação de sua Mãe de que os noivos, coitados, já só tinham água e ainda a boda mal tinha começado. Jesus mandou trazer uns potes de água e os noivos tiveram sorte porque Jesus a transformou em vinho da melhor qualidade. Isto aconteceu quando já tinha discípulos, pois João conclui a narrativa dizendo que os discípulos acreditaram nele. É esta a história que está escrita em inglês, em letras garrafais, ao longo da parede de um prédio, no lado esquerdo da rua que nos leva ao local onde se supõe que a historia mencionada na bíblia tenha acontecido.



Hoje a maioria dos moradores da localidade são muçulmanos, mas já houve períodos em que eram maioritariamente cristãos.

Havia uma certa preocupação do guia Sebastião em chegarmos a horas ao local de destino e isso aconteceu. Mal o autocarro parou, foi uma pressão para subirmos a rua de acesso até a um muro bem alto no lado direito onde já se viam as torres de uma igreja.


Mal entrámos no pátio a pressão foi para irmos para uma pequena capela lateral que estava reservada para nós.


Entrámos nela e uma vez sentados, com o silêncio e o ar refrescante, sentimo-nos reconfortados da corridinha para subir a rua, tanto mais que o dia já ia longo e bastante cansativo. O bom P. Artur começou o convívio. Desta vez não era uma missa mas uma reunião em que os casais do grupo se conheceriam melhor, apresentando-se mutuamente. Depois haveria uma reafirmação dos votos matrimoniais com uma benção final.

O P. Artur abriu o convívio no seu traje normal de passeio. Mas o guia Sebastião sentiu-se claramente frustado em relação àquilo que tinha organizado e acabou por levar o P. Artur pelo braço para ir a uma sacristia contígua vestir as roupas de padre. Houve alguma hesitação, diria resistência, do P. Artur, mas o Sebastião foi intransigente. E mais, teve o cuidado de ser ele a acender as duas velas que estavam em cima do altar.

 Padre tem de ir vestir as suas roupas especiais...

 O Sebastião sai depois de acender as velas do altar.

Após a leitura do passo bíblico em que é contado o milagre do vinho, houve o convite para os casais se apresentarem.


E foi bonito ouvir frases como já estou com esta minha Maria há quarenta e três anos e expressões de olhos húmidos com palavras tocadas pela emoção a acompanhar o desabafo de quem tinha perdido o marido há uns meses atrás.

Seguiu-se uma troca de compromisso entre cada um dos casais presentes feitos à maneira de cada um. Um simples calor trocado por mãos dadas, um beijo, um abraço, umas palavras mais quentes, ou tudo em conjunto. Cada um o fez à maneira de cada um.

Seguiu-se a benção solene dos casais e o convívio foi dado por concluído.

Saímos para o pátio do convento e foi a altura de visitarmos a igreja e as ruínas que estão por baixo do altar-mor e da parte lateral esquerda da igreja.



Nas ruínas, são de referir em especial os potes em pedra, provavelmente idênticos aos usados no tempo de Jesus.


Parecem ser bem pesados e, cheios de água, só poderiam ser transportados por pelo menos quatro homens, provavelmente com um arranjo de paus, tipo padiola. Uma cena assim deve ter provocado algum alvoroço e talvez tenha levado os noivos a exclamar o que é que aqueles malucos nos estão para ali a preparar.

Há um costume universal de algumas pessoas lançarem moedas, notas e, por vezes, papelinhos com desejos escritos nos locais míticos e místicos que visitam. Esse facto é bem visível nestas ruínas, por ser numa quantidade apreciável, talvez porque há já muito tempo que esse espólio não é recolhido.


Após a visita às ruínas saímos para o relativamente pequeno pátio em frente da igreja, que se encontrava apinhado de gente. Os portões da entrada estavam fechados. Começámos a ouvir sururu no lado de fora com fortes pancadas nos portões e gritos de pessoas a reclamar que queriam entrar. Provavelmente até teriam hora combinada mas chegaram atrasados. Passaram minutos e ninguém saía nem entrava. A certo momento o nosso grupo obedecendo a indicações não se sabe de quem começou a dirigir-se para um corredor lateral dizendo uns aos que íamos sair por uma das portas das traseiras. Mas logo veio alguém a dizer que por ali não era possível sair. E voltamos para o pátio. Então a confusão deu em que os guias que estavam dentro do pátio clamavam que queriam sair e os que estavam fora batiam nos portões e clamavam que queriam entrar. Até que, a certa altura, veio uma senhora relativamente nova, tipo freirinha, que abriu uma nesga do portão e falou com os guias que estavam fora, acabando por os convencer a abrirem alas para deixarem passar quem estava dentro. E logo que recebeu sinal o guia Sebastiao tomou a dianteira e nós não fizemos mais do que o seguir imediatamente.

Já lá fora, conduziu-nos para uma loja próxima, daquelas que vendem recordações aos turistas. Desta vez porém com o pormenor de que incluiu uma prova de vinhos da zona, cujas garrafas tinham no rótulo a informação em inglês The wedding wine ou seja o vinho da boda de casamento. Creio que a loja se chamava The First Miracle Shop.



Numa das montras de acesso ao local da boda de Canã estava esta fotografia, meio queimada pelo sol, onde são bem visíveis os nossos símbolos do futebol Mourinho e Ronaldo.

E chegou a hora de regressarmos a Tiberias, ao Hotel Leonardo Club, a uma distância de vinte e dois quilómetros, cerca de meia hora de caminho. No percurso o guia Sebastião foi dando as indicações em relação ao jantar e aos procedimentos para o dia seguinte, com destaque para levarmos as bagagens bem cedinho, às sete e meia da manhã, para serem logo carregadas no autocarro enquanto tomávamos o pequeno almoço.

Chegamos ao hotel ainda com sol o que deu para ver mais uma vez o Mar da Galileia e tirar mais algumas fotografias com as cores do entardecer.

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