sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Viagem à Terra Santa em 2014 - Em 26 de Abril. Para Jerusalém. 7.5.

7.5. Ramallah

A viagem de Nablus para Ramallah foi através de um percurso bastante irregular que o nosso condutor Itam seguiu com todo o cuidado. Há um outro menos acidentado mas teria perto de duzentos quilómetros e duraria mais de três horas. A verdade é que, depois de termos deixado o Hotel Leonardo Club em Tiberias, já tínhamos passado pelo Local do Batismo, pelo Monte Tabor, por Naim e por Nablus. A manhã já ia longa. Já era muito desejada a hora do almoço.

No último apontamento tínhamos acabado de admirar as vistas de Nablus, uma cidade larga com muita história e com cerca de cento e quarenta mil habitantes, do cimo do monte que lhe serve de travesseiro. Lá perto estão as ruínas de Siquém, cidade que, no passado, foi muito importante, mas que foi destruída tantas vezes que os homens desistiram, de todo, de a reconstruir.

Ainda mal tínhamos recomeçado a viagem, quando o nosso guia local nos chamou a atenção para um luxuoso condomínio, aliás muito bem apresentado, que estava a ser ultimado junto à estrada, no lado direito.


Este nosso guia expressava-se com o coração aberto dirigindo-se a nós sempre com a expressão meus queridos, meus queridos irmãos de Portugal.  Desfazia-se em esforços para nos agradar. Tentava explicar tudo e procurava adivinhar aquilo de que podíamos precisar. Comunicava num português imperfeito, com sotaque brasileiro misturado, por vezes, com entoação castelhana.
 
 
 
A certa altura perguntámos-lhe o que significavam umas bandeiras, entre as quais a israelita, no cimo do monte ao nosso lado esquerdo. Estávamos na Cisjordânia, Terra Palestiniana. Ele disse logo que não queria falar de política, mas esclareceu que era um dos famosos colonatos judaicos estabelecidos de um dia para o outro. Era uma pequena cidade auto-suficiente e fortificada, nomeadamente com cercaduras elétricas de alta-tensão. E não quis acrescentar mais nada.

Logo saiu do seu aparente embaraço quando viu uma venda de melancias junto à estrada. E perguntou se queríamos provar as melancias palestinianas. Houve uma resposta afirmativa em coro.

As casas de um lado e do outro da estrada começaram a ser contínuas. Estávamos a chegar a Ramallah. Num dado momento, o guia e o condutor falaram um com o outro e o Itam encostou o autocarro. Saíram os dois .... A comprar melancias. Lá fizeram o negócio com o lojista local que os ajudou a meter no autocarro umas quantas grandes melancias que trazia num cesto. Depois retomámos a marcha, avisando o guia que as melancias ficavam para o lanche pois agora íamos almoçar.

Estávamos a atravessar Ramallah. É uma cidade bonita. A maioria dos prédios são novos e construídos com a pedra branca da Palestina.

 
A rua central não é muito larga, mas é muito movimentada. Muitas lojas, muitos carros, com o trânsito um tanto ou quanto descoordenado. No entanto, nota-se o ar da tranquilidade das pessoas. 


Reconheci, no lado esquerdo, o palácio do Presidente Abbas. Mas foi só uma passagem porque o autocarro não parou.
 
 
 

Um pouco mais à frente passámos pela conhecida Praça dos Leões.
 
                                     
  
 
Depois havia uma rotunda com um grande poste em pedra, muito alto, que tinha içada a bandeira da Nação. Lá no cimo, muito perto da bandeira, há a figura de um homem que, subindo o poste, tenta chegar à bandeira.
 
 
                                    
 
 Vemos que há centros comerciais, lojas e escritórios, notando-se quais são os de advogados pelo facto de apresentarem nas placas a balança da justiça. Alguns têm a indicação de Law Office em letras romanas por baixo das letras árabes.
 

 Chegou a altura de deixarmos a rua principal e seguirmos por uma rua que  desce a colina. 



Não tardou que o guia informasse  que tínhamos chegado ao local onde íamos almoçar, num restaurante de hotel do lado esquerdo da estrada. O Itam ainda tentou meter o autocarro no parque do hotel mas não conseguiu, pelo que fez marcha atrás e parqueou na rua em frente.
  
 
O hotel é novo. O almoço foi servido no restaurante do terraço coberto, com vista para a cidade que se estendia pela colina abaixo. Víamos bem o nosso autocarro estacionado mesmo ali em frente.

O local é muito agradável e o pessoal muito competente, ao nível de qualquer hotel de quatro estrelas no ocidente. As casas de banho estavam impecáveis, se bem que ainda inacabadas.

Tinham altifalantes com música de ritmo palestiniano, o que não impediu que algumas das nossas companheiras ensaiassem uns passos de dança livre para descontrair.

O bufet estava muito bem servido, com vários tipos de comida  pelo que foi fácil prepararmos as nossas refeições com comida ao nosso gosto. Não faltou tão pouco o vinho tinto local, que não era nada mau.  Este pormenor é interessante porque, habitualmente os palestinianos, como bons muçulmanos, evitam bebidas alcoólicas.

 
 
Terminado o almoço, retomámos o autocarro e regressámos pela mesma rua central por que tínhamos chegado. A Praça dos Leões, a Praça da Bandeira, as lojas, os carros parados e os polícias a conversar com automobilistas.
 
 
Mas houve um pormenor que não tinha visto antes. Havia montras recheadas de artigos que brilhavam como se fossem de ouro. Ou eram mesmo. Não sei. Se eram ouro posso dizer que a Palestina é muito rica.

 
Voltámos a passar em frente do palácio da presidência, mas desta vez um dos guardas do palácio, armado, deve ter reparado que íamos no autocarro a filmar e a tirar fotografias, e fez-nos uma cara muito feia e sinal de que isso era proibido.
 
Retomámos o percurso na direção de Jerusalém. Mas até lá chegarmos ainda iríamos ter muitas surpresas.
 
 
 

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