sábado, 19 de janeiro de 2013

Passagem de ano em Cabo Verde - 3. O Fast Ferry Kriola

Estávamos na tarde do dia 29 de Dezembro e tínhamos chegado ao porto da cidade da Praia para apanharmos o barco para a ilha do Fogo. Mal chegámos ao porto fomos surpreendidos por um grande número de homens de todas as idades que, vestindo coletes reflectores, corriam para as malas dos passageiros que chegavam, gritando bagageiro, bagageiro. Nós já tínhamos sido alertados e, na verdade, as nossas malas eram perfeitamente transportáveis por nós próprios. Há uma sala de espera para aguardar o embarque. A certa altura, abriu-se a porta do lado do porto e foi dada a indicação para avançarmos. De novo os bagageiros se lançaram sobre as malas e houve um que conseguiu arrancar-me a minha, e lá foi em correria até a depositar no contentor do barco. Depois veio reclamar quatrocentos escudos dizendo que tinha transportado a mala e que também a estava a guardar. Face à minha recusa passou a pedir duzentos escudos. Acabei por lhe dar duas moedas de um euro e lá se calou.

O Kriola é um catamaran com muito bom aspecto. Tem um vasto porão para onde entraram camionetas carregadas dos mais variados artigos. Contentores volumosos. Animais diversos. E, claro, os contentores com as bagagens dos passageiros, todos numerados. Era importante sabermos em qual deles seguiam as nossas bagagens para ser mais fácil recolhê-las à chegada.

A largada ocorreu já com bastante atraso e com o mar ali, sereno, imaginamos uma viagem repousante. Foram mais de quatro horas de relaxamento, se bem que com alguns enjoos à nossa volta. No porto do Fogo não há sala de espera ou de chegada. O desembarque é feito directamente para o cais que, por cerca de uma hora, se transforma numa espécie de arraial com pessoas a reencontrarem-se, ou simplesmente a darem-se a conhecer. E há os inevitáveis bagageiros e taxistas a oferecer os seus serviços. Cumprimentámos um grupo de franceses que depois fomos reencontrando aqui e ali nos nossos passeios. A nossa conversa foi acompanhada, a partir de certa altura, pela luz brilhante da lua redonda que nos surpreendeu aparecendo lá no alto por detrás da sombra negra da alta montanha do vulcão do Fogo.

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