quarta-feira, 2 de julho de 2014

Viagem à Terra Santa em 2014. 6. 25 de Abril. Em Tiberias. 6.7.

6.7. Chegada a Nazaré

De Yardenit a Nazaré são cerca de 45 quilómetros, o que equivale a cerca de cinquenta minutos de autocarro. O percurso implicou a subida de várias colinas com curvas e contracurvas e a passagem por diversos tipos de paisagem. Ora quase deserta, ora com extensas manchas de árvores de fruto, todas alinhadinhas, sendo possível ver, quando estavam mais perto da estrada, as tubagens da rega automática gota a gota. A boa administração e uso da água constituem uma das principais bases de sucesso do povo israelita.


As estradas são razoáveis. As placas informativas, são normalmente em hebraico, árabe e inglês, se bem que nem sempre tenham esta última hipótese.


Chegámos a uma encosta densamente povoada com uma macha de casario de tipo variado, com predominância de cores claras. Já mais perto, o guia Sebastião anunciou que estávamos a chegar a Nazaré, pedindo-nos para sermos rapidinhos, uma vez que iríamos ter missa na Basílica da Natividade, com hora previamente marcada e não convinha chegarmos atrasados.


Chegada a Nazaré.
O autocarro deixou-nos num movimentada rua, não muito larga, mas com muitos carros e pessoas. O guia Sebastião tomou a dianteira. A rua era a subir e com muito comércio. A meio do percurso estavam uns inflamados clérigos muçulmanos a distribuir uns panfletos em inglês cujo título em letras garrafais era "Why Islan." Um deles distribuía a folha e o outro clamava dirigindo-se quase à orelha dos passantes que "Maomet is the last Prophet!" Com a pressa que íamos ele deve ter pensado que fugíamos dele como o diabo da cruz, o que o ia deixando ainda mais exaltado.


Em cinco minutos chegámos ao adro em frente da Basílica da Anunciação.

Chegada à Basílica da Anunciação

O grupo, uma vez reunido, foi logo conduzido para a zona do altar-mor da Basílica, reservada por uma corda estendida sobre pinos que ia sendo levantada por uma simpática senhora, à medida que íamos chegando. A passagem rápida pelo corpo da igreja apenas deu para perceber que a Basílica é um espaço amplo e moderno, tendo no meio uma espécie de fosso, a cripta, onde se encontra a Gruta da Anunciação.


Nazaré é a terra onde Jesus passou os primeiros anos de vida no seio da sua família que se dedicava aos afazeres domésticos daquele tempo. A mãe dedicava-se seguramente às lides da casa, preparando as refeições, limpando, lavando a roupa, zelando pelo bem-estar da família, criando alguns animais e preocupando-se, seguramente, com a educação do filho. Sabemos que o pai era carpinteiro, profissão que, naquele tempo, tinha muita saída, pois não existiam máquinas e todas as mobílias, travejamentos e portas dos prédios eram feitas à mão. Provavelmente até dava um jeito na profissão afim de serrador, esta bem mais cansativa. Não sabemos bem a que tipos de árvores recorriam para obter madeira, mas seguramente utilizavam a oliveira sobretudo para utensílios domésticos. Ainda hoje os viajantes são constantemente aliciados para comprarem artigos em madeira de oliveira, que vão desde estatuetas religiosas a utensílios decorativos e de uso comum.

Nazaré no tempo de Jesus seria uma modesta aldeia de uma montanha do interior, com muito poucas casas e famílias. A cidade propriamente dita seria Cafarnaum, como se pode verificar pelos vestígios arqueológicos. Aliás terá sido para lá que a família de Jesus se terá deslocado a certa altura, por aí haver melhores condições de vida.

Hoje acontece o contrário. Nazaré é uma cidade cheia de vida e Cafarnaum um conjunto de ruínas a que já fizemos referência, muito visitadas pelos grupos de turistas.

Na parte mais antiga de Nazaré habitam cristãos, muçulmanos e palestinianos e alguns judeus. Na parte norte, habitam principalmente judeus, tendo aí a cidade um aspeto urbano moderno. Esta parte da cidade desenvolveu-se a partir de um colonato judaico que aí se estabeleceu em 1957.

A minha curiosidade em ver quais os vestígios do tempo de Jesus que restam em Nazaré era muito grande.

Hoje há, na zona histórica dos vestígios arqueológicos relacionados com a família de Jesus, dois importantes templos modernos:

- A Basílica da Anunciação construída em 1969 que tem na cripta a gruta onde se crê que o Anjo anunciou a Maria;



- E a igreja de S. José, construída em 1914, muito mais pequena mas com um ambiente muito especial pois, sem esforço, sentimo-nos como que no íntimo de uma casa de família, como se Maria, José e Jesus estivessem por ali a fazer-nos uma visita guiada.

Os dois templos estão relativamente distantes um do outro mas dentro do âmbito de uma visita a pé.

Sob os dois templos há quatro ou cinco camadas de vestígios arqueológicos, do tempo de Jesus, da presença romana, da época bizantina, da ocupação árabe e das cruzadas. Os vestígios bizantinos são normalmente muito apreciados, pois a partir da visita de Santa Helena, a que já fiz referência, houve uns séculos de paz e de forte presença cristã.

Após a missa iremos visitar os dois templos.

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