segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

23-12-2007 - Família Monteiro e Natal

It is the most wonderfull time of the year... começa assim o CD que, na minha casa, costuma ser tocado na quadra natalícia. A canção fala em magia, crianças e família...

Ontem a Família Monteiro viveu, ao almoço, o Natal no seu melhor sentido. Conseguiu juntar todos os seus 39 membros, de três gerações, na Adega Típica 25 de Abril, na Rua da Moeda, em Beja.

O tempo ameno, quase primaveril, enquadrou o ambiente de calor humano e boa disposição que aqueceu o encontro. Houve quem viesse de muito longe... Buenos Aires, Nova York, Oxford... Mas valeu a pena. Podemos congratular-nos por estarmos a conseguir um dos melhores sentidos do Natal que é juntar a Família.

E isto é um facto que merece ficar registado no espaço interminável da globalização cibernética...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

19-12-07 - Dr. Álvaro Dias Saraiva

(Dr. Álvaro Dias Saraiva)

Tive oportunidade de o conhecer nos últimos anos da sua vida. O diálogo já não era fácil pois não ouvia nada. Mas interpretando os sinais visíveis da minha fala, procurava responder e contava os acontecimentos interessantes e experiências da sua vida. Andou por Benguela e Lobito e voltou à Pátria Mãe com a sua grande família. Apaixonado pelo trabalho, foi com relutância que aceitou o conselho de, atendendo à sua avançada idade, deixar o escritório onde prestava a sua colaboração prestimosa e conhecedora na área de marcas e patentes. Homem com um H grande, cidadão exemplar, trabalhador competente. Amigo afável e caloroso. Foi hoje a sepultar. Homem de fé, de paz, que previu o seu fim iminente - disse hoje o reverendo que, na sexta-feira passada, lhe administrou, por pedido expresso dele, a extrema unção. Esse grande Homem, de 88 anos, criou e deixou bem colocados na vida 12 filhos, dos quais 9 mulheres e três homens. Não andou nas páginas dos jornais, não foi político, não recebeu condecorações. Contudo, um cidadão que deu doze filhos à Nação merece o nosso reconhecimento, o nosso respeito e a nossa admiração. E muitas condecorações. A minha querida neta, CM, tem razões de sobra para sentir orgulho nele, seu bisavô paterno.



Para sua memória deixo registado o seu nome no universo interminável do espaço cibernético.



Ao Dr. Álvaro Dias Saraiva o minha respeitosa homenagem.



Descanse em paz.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

A lição mais linda ....

1. Costumamos dizer que quem é natural de Lisboa não tem terra. Isto por oposição aos que nasceram numa terra da província e vivem agora em Lisboa. Eu, porém, sou dos que vivem em Lisboa mas têm terra. E, além disso, gosto dela. A minha aldeia, Capinha, no concelho do Fundão, marcou-me para sempre, incluindo na forma de falar. Apesar de já ter saído de lá há mais de 50 anos e de aí voltar apenas de quando em quando, ainda conservo vestígios do linguajar local à base de sibilantes axim.

2. A minha netinha, que tem apenas dois anos, estava sentada à minha frente anteontem ao jantar, tentando comer pela sua própria mão. Eu, com outra colher, ia aproveitando para a ajudar. A certa altura disse-lhe que ainda faltava comer o arroz. E aí ela advertiu-me com a inocência mais encantadora do mundo, com os seus olhitos vivos e brilhantes: Ó Avô, não é arro..xe! É arroz!

3. Podem não acreditar mas foi verdade. E esta foi a lição mais linda que recebi nos últimos tempos!

Lisboa, 18 de Dezembro de 2007.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

12 de Outubro de 2007... O Incrível no 2.º Congresso dos Economistas Portugueses

No passado dia 12 de Outubro, 6.ª feira, aconteceu algo que me pareceu incrível.

Participava eu no 2.º Congresso Nacional dos Economistas Portugueses no Centro de Congressos de Lisboa, antiga FIL.

Já no fim do Congresso, falou o Nobel da economia de 2004, Prof. Edward Prescott. Depois de esta estrela concluir a sua apresentação, era suposto chegar a seguir o Primeiro Ministro para encerrar o Congresso. Mas, afinal, Sócrates avisou na hora que não podia ir. Iria substituí-lo o Ministro da Economia. O coordenador dos trabalhos deu a informação e pediu aos presentes, sala cheia com mais de 1000 profissionais da economia, para aproveitarem a oportunidade e fazerem perguntas ao Prof Prescott ou até para dialogarem com ele... para preencherem o tempo. Afinal, ter um laureado Nobel para dialogar é uma coisa que acontece raramente.

E sabem o que aconteceu? A sala ficou muda. O Nobel ficou parvo a olhar para todo o lado a ver se lá vinha uma perguntita. Vi Dr. João Salgueiro, Presidente da Associação de Bancos, que estava sentado perto de mim, sair entretanto, parecendo-me que estava incomodado com a situação.

Sempre chegou uma perguntita, quase sem sentido, mas só após insistentes pedidos do moderador: "É preciso preencher o tempo. Ninguém quer aproveitar?" E o tempo passou quase todo com uma enorme sala cheia e silenciosa.

E após grande reboliço de gente a entrar e a sair, lá chegou o ministro Manuel Pinho que aproveitou, mais uma vez, para dizer que, afinal, as coisas não vão assim tão mal.

E os ecomistas portugueses perderam a excelente oportunidade de fazerem uma dúzia de perguntas sensatas ao Prof Eward Prescott.

É incrível, não acham?

terça-feira, 9 de outubro de 2007

O tempo passa.... Já estamos em 9 de Outubro de 2007

O tempo passa de um modo tão discreto e rápido que nos deixa surpreendidos. Parece que foi ontem que eu iniciei este blog com intenção de escrever nele com regularidade. E já passaram meses e nada. Entretanto aconteceram muitas coisas que mereciam relatos detalhados e em tempo.

Primeiro foi a viagem a Macau em Julho. Continuo a não entender o que se está a passar naquela cidade. Cada uma das três empresas concessionárias de casinos procura ganhar às outras abrindo mais e maiores catedrais de jogo e lazer. E há clientes para todos. As ruas estão a abarrotar de gente 24 horas por dia. É uma loucura.

Durante a viagem a Macau aconteceu a inundação da nossa casa em Lisboa. Rebentou um cano durante a noite e a água deliciou-se a passear pelas diversas divisões e a descer pelas escadas do prédio ao ponto de encher o poço do elevador...

Muita água é sinal de fortuna... Assim me disseram. Creio que estou prestes a ganhar o euromilhões...

Depois foi a viagem à Argentina (de 16 de Agosto a 3 de Setembro). Como foi bonito reencontrar a BL e o PR. Gostei de percorrer a pé Buenos Aires e visitar alguns dos seus bairros típicos, como o Rigoleta, Boca e Palermo. Andar a pé por aquelas avenidas e ruas sem fim deu-me imenso prazer. E a ida a Iguaçu... Que espanto é esse santuário da natureza!

E mais recentemente, no dia 6 deste mês, foi a comemoração dos 50 anos da minha entrada no Seminário das Missões em Tomar. De facto, em 3 de Outubro de 1957, deixei a minha aldeia, Capinha (Beira Baixa) e lá fui, com uma mala maior do que eu próprio, até ao Convento de Cristo na cidade dos Templários. Poucos dias após a chegada fui apanhado pela Gripe Asiática. Estive de cama alguns dias com febres altas. Nesse ano entrámos 93 alunos no Seminário e creio que ninguém escapou à epidemia.

No passado dia 6 reencontrei 35 desses companheiros. Foi emocionante revê-los e poder visitar os espaços em que vivi dos 11 aos 13 anos! Ainda hoje, de quando em quando, tenho sonhos em que esses espaços aparecem. Tivemos a oportunidade de uma visita guiada a esses espaços, alguns dos quais estão vedados ao acesso do público. O guia, Arquitecto Álvaro Barbosa, foi incansável e desfez-se em simpatia para nos explicar a história do Convento e nos contar como aconteceu a saída do Seminário das Missões do Convento de Cristo.

Já disse à CM que lhe quero mostrar a minha escolinha. Que é muito grande!!!

Já estou ansioso por esse dia...

terça-feira, 12 de junho de 2007

10 DE JUNHO DE 2007 – DOMINGO – DIA DE PORTUGAL

Por virtude de uma não determinada motivação, senti vontade de voltar a ler clássicos da literatura portuguesa. E, casualmente, peguei, há dias, numa das obras de Camilo Castelo Branco, concretamente a que tem o número 55 na lista das 80 obras deste autor apresentada pela editora Parceria A M Pereira, Lda., na contra-capa de todos os livros camilianos. Acabei agora de a ler e vai, por isso, preencher o meu post de hoje.

Camilo escreveu muitas obras não só porque tinha talento para isso, mas também porque precisava de as vender para ganhar meios de subsistência. É o primeiro autor português profissional, no sentido de que vivia exclusivamente daquilo que escrevia.

Gostei de ler Mistérios de Fafe que o próprio autor classifica como romance social, em relação ao qual faz, na primeira página, a seguinte advertência:

Aviso às pessoas incautas – Esta novela contém adultérios, homicídios, missionários e outros cirros sociais.
Almas em flor de inocência e candura, não leiam isto que trescala de gafaria, em que forçadamente a leitora, afeita ao ar puro das regiões vizinhas do céu, há-de sentir nausear-se-lhe a alma.
Nalgumas quintas do Minho, ameaçadas de ladrões, erguem-se uns postes que dizem: “Aqui há ratoeiras!” Os ladrões, graças à instrução, lêem e passam.
Neste livro inverte-se o estilo: os salteadores da pudicícia levantam bem alto o letreiro que diz: “Aqui há ladrões!”
Sem o qual letreiro, este livro seria um abismo.

Primeira observação – A leitura desta obra permitiu-me o contacto com muitas palavras e expressões interessantes, já não usadas hoje no português do dia a dia ou até mesmo já caídas em total desuso. Sublinho, por exemplo, na transcrição acima, as expressões cirros sociais e trescala de gafaria. Por outro lado, há costumes relatados que se mantêm, se bem que com uma nova versão. É o que acontece, por exemplo, com o costume de afixar os letreiros referidos na advertência que, na versão em uso actual, se encontram reduzidos à expressão Cuidado com o cão!

Segunda observação – É interessante sentirmo-nos na vivência da primeira metade do século dezanove, época em que decorrem os acontecimentos romanceados pelo autor. Como é natural, é total a ausência de palavras modernas hoje muito comuns como sejam rádio, televisão, fotocópia, internet, email, e digital. A palavra mais avançada no tempo que é usada é o adjectivo eléctrico, caracterizando, a certa altura do romance, uma certa reacção eléctrica.

Terceira observação – Este romance foi publicado a primeira vez em 1868. Tinha Camilo vivido já 43 dos seus 65 anos e reflecte a experiência da sua vida pessoal muito atribulada.

Quarta observação – Põe-nos em contacto com aquilo que era a sociedade portuguesa na primeira metade do Século XIX sendo muito curiosa a referência feita à vida social em Cascais em meados desse século.

Gostei muito de ler esta obra. Vou continuar a ler Camilo...

domingo, 27 de maio de 2007

Maio, o mês de todos os encontros


Verifico que o mês de Maio é propício a todos os encontros. Ele são os companheiros da escola, do liceu, da tropa, do emprego, ou, como aconteceu ontem comigo, dos reformados da mesma empresa.

Ontem foi o dia do 24.º Encontro dos Reformados do Banco de Portugal (BP).

É simpática esta inicitiva. A quase totalidade das empresas usa o método de uma vez reformado está descartado, não tendo mais a ver com o ex-colaborador, seja para que efeito for. O BP é pioneiro e diferente. Respeita aqueles que o serviram, mantém uma política social de apoio e organiza anualmente um encontro.

Pela minha parte considero que é o meu único dia de trabalho obrigatório e, enquanto puder, lá estarei. Já me habituei ao aspecto psicológico mais negativo que é sentirmo-nos definitivamente no grupo da terceira idade.

O encontro consta essencialmente de dois actos importantes. Uma missa nos Jerónimos onde são lembrados os reformados já falecidos e um almoço na FIL com um menu uniforme mas muito completo. É ainda distribuída uma medalha comemorativa. A deste ano reproduz uma imagem de Luiz Vaz de Camões que, em tempos, fez parte das notas do Banco de Portugal.

É interessante observar o ambiente social de um grupo de reformados sendo quase chocante o esforço que alguns e algumas fazem para parecerem muito mais novos ...

Gostei. O Banco de Portugal é uma grande instituição. Lembro que as minhas filhas sentiam sempre muito orgulho quando lhes perguntavam a profissão do pai e diziam empregado do Banco de Portugal.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

TOMAR - Domingo, 20 de Maio de 2007

Convento de Cristo

Há quase meio século, em 7 de Outubro de 1957, deixei a minha terra, Capinha, na Cova da Beira, para passar pela primeira vez para o sul da Serra da Gardunha. Até então o cume desta serra ligado ao céu era o limite do meu mundo e andava curioso em descobrir o que havia para além desse limite.

Nesse dia em que nadei pela primeira vez de comboio, a minha grande viagem foi para o Convento de Cristo em Tomar.

Os tectos eram muito altos, as salas grandes, os corredores não tinham fim...

Foi grande a mudança: disciplina e horário rigorosos, companheiros novos, o tempo totalmente preenchido, sem a liberdade de decidir a volta que iria dar ou a brincadeira em que participar.

Agora, no passado fim de semana, foi tempo de recordações. Pude ouvir missa cantada na capela em que costumava ir três vezes ao dia pelo menos. Almocei no grande refeitório, sensivelmente no lugar em que, durante muito tempo, eu me costumava sentar.

A emoção foi grande.

Na camarata onde dormi no período de 3 de Setembro de 1958 a 14 de Julho de 1959, sentado perto do local onde se situava a minha cama, pude ouvir o excelente Coro Litúrgico de Milheirós de Poiares a cantar peças clássicas de Bach, Hassler e Aichinguer e uma surpreendente peça do actual Presidente da ARM que a todos encantou ...

O dia passou depressa.

Tenciono voltar lá em 5 de Outubro próximo para, juntamente com os cerca de cem companheiros de 1957, comemorar os 50 anos da entrada nessa grande casa!!!

Fátima - 19 de Maio de 2007

O fim-de-semana de 19-20 de Maio, foi dedicado ao encontro anual da ARM (Associação Regina Mundi) que congrega os antigos alunos da Sociedade Missionária Portuguesa, em que eu me incluo.

As reuniões de sábado ocorreram no Seminário de S. Francisco Xavier em Fátima localizado no alto os Moinhos, lugar que não foi fácil encontrar. Certamente que quem organizou o evento conhece bem os caminhos, mas quem lá vai pela primeira vez tem muita dificuldade. Um croquis orientador teria sido de grande utilidade. Perguntávamos pelo Seminário de S. Francisco Xavier e ninguém o conhecia. Vagamente alguém nos disse onde moravam os Missionários da Boa Nova. Mas lá o prédio, na Rua de Santa Clara, com o logo dos Missionários da Boa Nova bem visível, estava fechado, completamente silencioso. Num convento em frente indicaram-nos o alto dos Moinhos e lá chegámos após algumas hesitações.

Nota: O Seminário de S. Francisco Xavier substituiu o seminário das missões que funcionou no Convento de Cristo em Tomar de 1921 a 1992.

A tarde de sábado foi curta para rever os amigos e participar nas actividades associativas. Emocionei-me ao ouvir o P. JMG, missionário a tempo inteiro em Moçambique, falar das suas experiências.

À noite fomos sentir a paz do Santuário. Em sinal de agradecimento deixei a queimar três grandes velas:

- A primeira, pela minha filha B que recentemente teve um problema de saúde sério em si, mas que à distância de Lisboa a Buenos Aires me pareceu do tamanho dos Himalaias. Felizmente que foi ultrapassado e ela já está a retomar a sua vida normal;

- A segunda, por um dos meus irmãos que, há já alguns anos, teve um problema cardiovascular muitíssimo sério e que agora respira juventude;

- A terceira, por um meu Amigo que vive em Hong Kong e que, há poucos anos, foi contaminado com a SARS (Severe Acute Respiratory Syndrome), doença quase sempre fatal. Ele foi dos poucos que experimentou o milagre de sobreviver a tão terrível flagelo. Hoje faz uma vida extremamente activa dando a ideia de que tem medo que o tempo lhe venha a faltar já amanhã para tudo o que ainda deseja fazer.

Nas três situações, os meus sentimentos superaram tudo o que era real e atingiram grande força, procurando recursos para além do possível, só imagináveis no sobrenatural. Nesse domínio, a minha fada da sorte a quem, nos três casos referidos, recorri foi a Virgem Maria / Senhora da Conceição / Senhora de Fátima… Agora os círios ficaram lá a arder… O meu muito modesto sinal de agradecimento.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Começo

Decidi que hoje iniciava o meu BLOG. O nome que me ocorreu é DICFORTE, das plavras latinas "dic" e "forte", que significam "Fala Alto"! (imperativo). Na verdade, eu bem preciso que a voz do meu blog chegue bem longe: ao Rio de Janeiro, a Buenos Aires, a Macau e a Hong Kong, por exemplo. Será que vai resultar? O tempo dirá...